domingo, 26 de julho de 2009

Isshi's novels - Uma semana de espíritos malignos – Segunda-Feira

Olá a todos!!
Vim dar continuidade às histórias do Isshi. Todos sabem que ele faz contos e para marcar o retorno, eu resolvi escolher os mais misteriosos e menos depressivos. “Uma semana de espíritos malignos” conta a história de uma semana de acontecimentos mágicos, espíritos e inexplicáveis poderes vindos do além. Como cada capítulo segue com o nome de um dia da semana, eu resolvi colocar de dois em dois durante a semana e começando por hoje. Quarta-feira teremos mais e assim será até o final da semana.
Agradeço muito à oni_life que permitiu que esta tradução pudesse ser feita!
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Eu nunca esquecerei as coisas que aconteceram naquele tempo onde eu estava ainda no meu quinto ano da escola. Aquilo começava na estação chuvosa. Mesmo nos melhores tempos eu andava até à escola, que ficava a uma hora ao longo dos caminhos da zona rural, envolvido em uma sensação suspeita indescritível. Acho que é difícil imaginar, mas de um certo modo, naquele tempo a imagem da minha área escolar mudava-se completamente para uma imagem infernal, porque na pequena estrada molhada pela chuva que eu seguia, haviam inúmeras rãs e cobras¹ por todas as partes.

Eu não queria ver aquilo tudo. Enfrentava indo sempre em frente enquanto andava, embora de vez em quando eu ouvisse 'SPLAT' como tiros². Se eu olhasse para baixo, eu veria tripas de rãs lançadas nos meus pés, se contorcendo ao meu redor. Sinto que chamar isto de inferno é uma expressão razoável... E isto não era tudo. Eu tinha que andar com muita prudência naquelas vezes.

No pé do portão da escola, alguns "cinqüenta monstros" se materializavam, e muito mais rápido do que o habitual, passavam ao meu lado. Esses "cinqüenta monstros" como chamo, passavam no estacionamento da escola vizinha às 7:50 para o ônibus. Eu era um estudante sem um relógio. Fiquei atrasado do lado de fora até que o sino soasse como um alarme. Eu fui aquele tipo de cara cujo horário naturalmente não era o de estar a tempo para a conclusão do período de chamada. Ao chegar em vez de aderir à conversas amistosas, a voz zangada do meu professor começou me dando uma leitura.

Não houve nunca nenhuma boa memória na chuva. Mas durante aquela aula, da janela da classe pude ver uma cama de hidrângeas e o meu humor melancólico inverteu-se. As flores que ficavam cada vez mais molhadas na chuva, se tornaram vívidas.

Os jogos esportivos e a arte não estiveram entre as minhas lições naquela Segunda-feira. Depois da primeira hora continuei com aritmética, ciência, e estudos sociais até a sexta hora à tarde, cheio de trabalhos pra classe por fazer. Em todas as partes da primeira aula, nada de interessante aconteceu. O intervalo entre Sábado e Domingo, dias de descanso, junto com a Segunda-feira, sentia serem os piores, os meus mais profundamente odiados dias da semana.

Um incidente aconteceu durante a segunda hora daquela Segunda-feira, na classe de ciência.

Ele não esteve na nossa aula de ciência, mas no corredor do novo prédio escolar, onde ouvi o guincho junto com passos de movimentos desiguais em direção ao laboratório de ciência, cercando todas as carteiras. Ao lado delas, havia algo como uma bacia. Os utensílios usados para experimentos eram arranjados conforme fossem lavados, mas como eu odiava aquela espécie de trabalho, sempre o deixava ao cargo de alguém.

O experimento daquele dia envolveu o uso de uma lâmpada de álcool. Eu estava com os caras por perto repetidamente recusando o uso dos utensílios para acender o fogo. Lavamos dos cotovelos às palmas das mãos, esfregando umas nas outras, e completamente imersos, assistimos à aula atentamente.

Eu, que pareci ter tempo de sobra em excesso, comecei a instigar.

"Qual lembra a mim, você pode fazer isso?"

Antes disso, na minha vizinhança, o irmão mais velho do meu primo era um estudante sênior quando eu fui em uma viagem.

"Hey, eu disse que qualquer um podia, você sabe" falei na minha sala com a janela aberta. Acendemos os nossos cigarros, e eles chamejaram. Naquela hora ele disse,
"Deixe-me mostrar-lhe algo incrível. Olhe!"

Ele acendeu o isqueiro de 100 ienes que segurava na sua mão direita e pôs o dedo indicador da mão esquerda dentro e depois fora do fogo, sem que queimasse!!
"Ohhh!"

Fiquei extremamente surpreso! Tanto quanto o tamanho do mundo quando vi aquilo.
"Agora você tenta!"

Peguei aquele acendedor do irmão mais velho que fez aquilo, e passei muitas vezes o meu próprio dedo por cima do fogo.

"Não é quente!"

Passando apenas um instante na chama, não se é realmente capaz de sentir tanto, então fiquei profundamente movido por esse sentimento e acendi o fogo repetidas vezes.

Na sala, reuni todo mundo para darem atenção à mesma coisa estranha.

"Somente você sente isto!"

Disseram, e durante um instante empurraram o meu dedo na chama da lâmpada de álcool.

"Ohhh!"

Tendo a reação que eu tinha esperado, fiquei com um bom humor. Pela primeira vez, o fogo explodiu da lâmpada. Lá se foi o meu plano...

"Grr ...."

Recolhi o meu dedo que tocava o fogo da lâmpada de álcool e a ela própria.

Momentaneamente sobre a carteira, houve um mar de chamas...

Próximo a nós, todos afundaram-se em gritos. Naturalmente, não tendo visto a enorme coluna inflamada, fomos todos amaldiçoados. Mas essas coisas que aconteceram não foram apenas um sonho ruim. Ao lado do meu vizinho havia uma jovem agachada com a malha que ela vestia pegando fogo.

"Mas estou vestindo um suéter!"

O professor pensou rapidamente, agarrou o extintor de incêndio e veio apressadamente para apagar todas as chamas.

Rememorando isto, minha mãe gritou comigo e repreendeu-me depois da escola. E quando voltei para casa, o meu pai que parecia um demônio, esperava com uma espada de madeira em uma mão. Devia chorar sozinho e pedir desculpas à menina cujo suéter fora queimado por minha tendência à rebeldia, mas em verdade, este incidente foi só o começo de "uma semana de espíritos malignos"...

Notas
1 – sapos e cobras são símbolos de boa sorte e má sorte respectivamente. E como os sapos fazem mais barulho como ‘slap’ então as cobras provavelmente confiram um maior significado por não estarem sendo dizimadas
2 – Apenas uma metáfora. Isshi utilizou aqui um kanji que é normalmente usado para armas em oposição aos sapos estarem sendo esmagados.

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