segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Nao x Izumi - SHOXX 08/2002

Hoje trago a tradução de uma entrevista com o Nao e com o Izumi da SHOXX de agosto de 2002 traduzida para português pela Loviisa.

Na entrevista eles falam um pouquinho sobre como era a vida antes da banda e como se conheceram.
A entrevista é bem descontraída e muito interessante para quem gostaria de saber um pouquinho mais da intimidade deles e de como a banda foi se formando.
Continuem lendo. Beijos!

IZUMI : Nossa história começa com gomas de mascar.

NAO : Hmm, isso era no fundamental, não era? No começo eu não sabia nada sobre o Izumi. Eu tinha-o como colega naquele tempo. Uma coisa que eu nunca poderia esquecer sobre ele era o fato de que ele levava vários tipos diferentes de doces e chicletes todas as manhãs para a escola, sem falha. Eu provavelmente gostaria de experimentar algumas. *risos*

NAO: Eu até gostaria de pedir a ele algum doce, mas ele diria algo como “Me desculpe, mas esses doces não são meus”. Eu perguntaria a ele de quem seriam, e ele diria simplesmente: “do Izumi.”

IZUMI: Isso acontecia com tanta freqüência que, no caminho da escola, eu sempre passava por uma vasta e bonita loja de doces. Eu comprava por volta de 200, 300 ienes só de doces todos os dias antes da escola.

Então, foi assim que “deslanchou” a amizade de vocês?

NAO: Eu diria que fui eu o persistente com o início da nossa amizade. *risos*

IZUMI: Mas de verdade agora, Eu nunca tinha ouvido o nome do Nao antes e, quando eu finalmente notei a existência dele, foi exatamente quando ele começou a vir constantemente me pedir doces. *risos*

Então, primeiramente, a relação de vocês era baseada no pedinte e no cedente... Quando foi que isso mudou?

IZUMI : Naquele tempo nós não tínhamos nada em comum, então não éramos exatamente amigos. De qualquer forma, eu comecei a apresentar um interesse por bateria mesmo ainda sem ter pensado sobre formar uma banda. Eu estava começando a aprender como tocar bateria quando ouvi falar de alguns meninos com banda na escola que estavam com falta de um baterista. Então, um deles se aproximou de mim e perguntou se eu estaria interessado em tocar com eles. E adivinha quem estava lá quando fui checar... O Nao.

Então você ficou algo do tipo “Ei, esse não era o garoto que sempre vinha me pedir doces?!?”

IZUMI : Exatamente, eu fiquei chocado! Quer dizer, naquela época ele não parecia o tipo de cara que era baixista ou tocava em bandas. Eu sempre pensei nele mais como um atleta do que como um músico.

NAO: Ei, eu sou um cara privilegiado, você sabe. *risos* Antes de eu começar a tocar na banda, eu era um ativo jogador de futebol!

Mas sua escola não era em Hokkaido (que é a região mais fria do norte do Japão)? Como você jogava futebol no inverno?

NAO: Isso nunca seria um obstáculo para nós. O treino seguiriria normalmente, mesmo que isso significasse que deveríamos jogar na neve. Além do mais, para um menino de Hokkaido como eu, jogar futebol em Tokyo durante o verão com a temperatura em média de 35ºC seria bem mais insuportável do que fazê-lo na neve. Isso seria simplesmente muito quente para mim.

E sobre o Izumi? Você fez algum esporte?

IZUMI: Eu joguei um pouco de ping pong. Em certo momento, tive o sonho de me tornar o melhor jogador de ping pong do Japão, mas tudo veio por água abaixo quando perdi minha primeira partida. Eu rapidamente desisti disso e me foquei em fazer música. *risos*

Porque você escolheu a bateria?

IZUMI: Na verdade, eu sou o oitavo baterista na minha família. Meus tios, primos e até mesmo meu pai eram bateristas. Eu suponho que isso era meio que inevitável no meu caso. Sempre teve um set de bateria na minha casa, então, quando eu pensei sobre dar início a uma banda a idéia de bateria não me pareceu má...

E você, Nao?

NAO: Bem, meu irmão mais velho toca baixo. E um dia, do nada, ele veio e me disse “Vamos, toque o baixo”. No começo eu admito que era forçado a tocar. Ele me forçou a isso loucamente até quando eu choraria simplesmente porque eu não queria mais tocar. Então, um dia, percebi que eu havia me tornado melhor baixista do que meu irmão. *risos*

Vocês poderiam contar-me mais sobre a banda de vocês no colégio?

IZUMI: Naquele tempo nós tínhamos uma banda cover e só tocávamos as músicas do Yellow Monkeys. Pessoalmente, eu me senti limitado naquela banda e queria ir mais além como baterista. Foi aí que comecei a pensar que eu deveria me inscrever em uma Escola Técnica e estudar o básico de bateria e música para possuir uma boa formação. Depois que me graduei no ensino médio, fui para Tokyo e entrei em uma escola, e esse foi o fim de nossa banda cover.

E, como ficou o Nao?

NAO: Depois que me graduei no ensino médio, eu levei uma vida nômade por um tempo. *risos* Um dia, enquanto eu pensava na vida, eu recebi uma ligação. Era do Izumi. Só de me lembrar daquela ligação, já tenho vontade de rir. Ele iniciou a conversa com “Ei, há quanto tempo!” e, sem nada do tipo “Como você está?” ele perguntou, “Naoran, o que você está fazendo agora?”. Ao invés de respondê-lo, eu me engasguei com minhas próprias palavras. *risos* Então, o Izumi me contou que estava em uma banda em Tokyo que tinham acabado de perder o baixista, e me perguntou se eu estava interessado no cargo. Ele disse, “Lógico que deixarei você ouvir nossa demo antes,”. Eu fiquei perplexo e lhe perguntei como faria isso. Ele respondeu, “Bem, via telefone, claro...” e prosseguiu com a amostra das demos via telefone. *risos*

IZUMI: Ah, tudo correu bem. Não importava como, eu queria que ele ouvisse as músicas. Além do mais, eu estava desesperado no momento.

NAO: Por mais que estivesse ouvindo através do telefone, a ligação estava excepcionalmente boa e eu fui capaz de ouvir as músicas claramente. Eu realmente gostei da demo e disse ao Izumi que cedia.

Você está dizendo que fez sua decisão sobre ir a Tokyo ali mesmo, depois de ouvir a demo tape?

NAO: Não, eu pensei sobre isso a noite inteira. Eu também discuti com minha família e amigos, mas o que me fez decidir mesmo foi o que meu irmão me disse. “Se é você, com certeza terá sucesso.” E isso foi o suficiente para me fazer ir. Eu me mudei para Tokyo dois dias depois da ligação do Izumi.

Nossa, foi uma decisão rápida. Quer dizer, você deve ter tido que preparar algumas coisas para a viagem.

NAO: Eu não diria isso... Eu só arrumei uma mala e fui. E meu baixo... Eh? Eu já tinha um baixo naquela época?

IZUMI: Sim, você tinha um que se desmantelou todo. Não era um baixo “inteiro”... Lembro-me de ter vários parafusos espalhados nele. Você pegou o baixo e colocou-o espremido dentro da sua mala, mas a “cabeça” ficou para o lado de fora.

NAO: Eu me lembro que minha família estava me importunando para comprar um case (algo com uma capa, só que mais duro) para ele. *risos* Mas eu odiava ter que carregar muitas bagagens, então eu disse aos meus familiares que o Izumi estava em Tokyo e que ele certamente iria arranjar algo para o baixo quando eu chegasse lá.

Então você contava muito com o Izumi?

NAO: Yep. Mesmo quando eu pensava sobre um lugar para me hospedar em Tokyo, eu me assegurei dizendo a mim mesmo que poderia sempre ficar na casa do Izumi. *risos*

IZUMI: Eu tive sorte, pois tinha um tio em Tokyo que era dono de um restaurante de Ramen e me disse que eu poderia ficar no quarto logo acima da loja, e sem precisar pagar aluguel. O espaço era de mais ou menos doze tatamis (19,5m²), portanto nós dois tínhamos muito espaço;

NAO: Além do mais, eu não tinha trazido muita coisa da minha casa para Tokyo. *risos*

Algo interessante para contar sobre a vida de vocês como companheiros de quarto?

NAO: Nenhum de nós era bom o suficiente no quesito “administrar a vida”; nenhum plano para o futuro, nada. Portanto, toda vez que recebíamos o subsídio das nossas famílias, ficávamos muito excitados e esquecíamos o resto. Sem nem ao menos pensar sobre o que precisaríamos, nós já saíamos correndo para comer Yakiniku (carne assada). *risos*

IZUMI: Os tempos nos quais nós não teríamos nenhum dinheiro e passaríamos fome estavam por vir. *risos* Nós tivemos trabalhos de meio período, mas era complicado balancear o tempo do trabalho com os ensaios da banda.

NAO: Yep. Nós tivemos nossos períodos complicados.

IZUMI : Nós íamos vivendo um dia por vez, pensando sobre o que nós necessitávamos somente um dis depois. *risos*

Eu imagino o quão difícil deve ter sido para ambos.

NAO: Isso é um pouco fora de contexto, mas o Izumi foi malvado nas últimas vezes. Ele sabe que eu me assusto facilmente, então durante a noite, logo após dizer “boa noite” para mim e apagar as luzes, ele dizia “Naoran, você ouviu isso...? Parecem passos...”. O quarto era dividido igualmente, seis tatamis para cada um, mas durante a noite eu me arrastava para perto do Izumi e dormia perto dele. *risos*

Quanto tempo antes do Kagrra tudo isso aconteceu?

NAO: Mais ou menos uns dois anos antes, eu acho.

IZUMI: Tudo começou comigo e com o Isshi. Na verdade, eu o conheci na escola quando cheguei emTokyo. Depois, o Não se juntou a nós e fizemos algumas apresentações. Depois de algum tempo, nós nos separamos e seguimos cada um seu próprio caminho. O Nao voltou para Hokkaido. Ele estava com saudades de casa e voltou para trabalhar por algum tempo e conseguir algum dinheiro.

Então quer dizer que vocês tiveram que começar tudo do zero.

Nao : Bem, em primeiro lugar, eu trabalhei em Hokkaido por um período de meio ano e consegui arrecadar 140,000 ienes (mais ou menos R$2.650,00), mas depois de comprar minha passagem para Tokyo, sobraram 120,000 ienes (mais ou menos R$2.250,00). Eu ainda tinha algum dinheiro extra, então resolvi comprar algumas roupas para mim. Foi aí que, depois de um tempo, percebi que tinha gastado tudo o que acumulei. Nessa época eu pensei em me hospedar com o Isshi, pelo menos. *risos*

E veja se não era uma vida de luxúrias! *risos* Morando com o Isshi significaria que vocês definitivamente iriam continuar com a banda, não é?

NAO: Lógico.

IZUMI: As coisas não iam muito bem para nós desde que não tínhamos guitarristas. Então nós tivemos que sair procurando por possíveis novos membros, mas, inexplicavelmente, eles vieram até nós praticamente instantaneamente.

Vocês estão falando de Akiya e Shin, não é?

IZUMI: Nós fizemos alguns cartazes para serem postos em algumas lojas de música ao longo da cidade. Os cartazes diziam que procurávamos por guitarristas, e o telefonema que recebemos foi de Akiya e Shin. Eles nos disseram que já haviam participado de uma mesma banda.

Nossa... Para mim isso é como se fosse o destino vocês acabarem juntos.

IZUMI: É... Muitas coisas aconteceram, mas no fim todos nós ficamos juntos.

Agora, será que vocês poderiam nos dizer os pontos positivos de cada um de vocês dois?

IZUMI: Obviamente, do meu ponto de vista, o Nao é um baixista excelente. E além do mais, apesar de eu ser o líder do Kagrra, eu sinto como se todos na banda tivessem as qualidades que os tornariam ótimos líderes, e isso inclui o Nao.

NAO: O Izumi amadureceu muito comparado com antigamente, espiritualmente falando. E eu admiro isso como se fosse algo que eu não tenho. Como um baterista ele melhorou muito e tem desenvolvido muitas técnicas. Ele é um grande amigo meu, mas, no bom sentido, eu o vejo como um rival.

Para finalizar, qual é a coisa que vocês acham que o outro deveria mudar sobre si mesmo?

IZUMI: Hmmm... Bem, ele gosta de se intrometer no assunto dos outros e de vez em quando ele ultrapassa um pouco o limite. Eu creio que essa é a única coisa que, ahn, você sabe... Ele deveria... Hmm *risos*.

NAO: Nah, o Izumi não tem nenhum ponto negativo.

Ah, isso é tão triste para o Nao. Justamente como um garoto do primário que tenta ganhar a atenção da garota que ele gosta, e quanto ela se apaixona por ele, ele a ignora e começa a aporrinhar o Izumi...

NAO: Ah, sim sim. Mas aí seria tão cansativo para o coração... *risos*

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